Omaggio a un grande intellettuale portoghese: Nuno Júdice
Antonella Rita Roscilli
TESTO IN ITALIANO (Texto em português) NovitàSarapegbe, 18 marzo 2024
La poesia è filosofia, la parola finisce coll’accarezzare i grandi temi, le grandi questioni della vita. D’altra parte, la poesia non può fare altro che questo. Anche perché la scienza non spiega tutto. E quel “mistero” lo può indagare solo la poesia. Pensiamo alla bellezza, ad esempio…. Così aveva detto Nuno Júdice durante un’intervista in Italia. Fondatore della Casa Pessoa, consigliere dell’Istituto Camões di Parigi, direttore di riviste letterarie, soprattutto poeta, saggista e romanziere, Júdice ci ha lasciato il 17 marzo 2024.
Era nato il 29 aprile 1949 a Mexilhoeira Grande, un piccolo paese rurale dell’Algarve. Genovese per parte di padre, si laureò in Filologia Romanza all’Universidade Classica di Lisbona. Nel 1989 terminò un Dottorato con una tesi sulla letteratura medievale presso la Universidade Nova di Lisbona. Professore di Letteratura Comparata nella stessa università dal 1976 al 2015, è stato collaboratore delle riviste O tempo e o modo e Jornal de letras e, dal 1996 fu direttore della rivista letteraria Tabacarias (edita da Casa Fernando Pessoa) e di Colóquio-Letras (edita da Fondazione Calouste Gulbenkian). Dal 1997 al 2004 rivestì il ruolo di addetto culturale presso l'Ambasciata del Portogallo a Parigi.
Fu l'esponente di spicco di quella poetica del "ritorno al reale" che era iniziata negli anni Settanta del XX sec. in Portogallo. Importante anche la sua attività di saggista e critico letterario. Lavorò regolarmente anche come traduttore di poesie, tra le quali un’antologia di 100 anni di poesia colombiana, antologie di Alvaro Mutis, Pablo Neruda, Emily Dickinson e diverse opere teatrali. Júdice ha tradotto, direttamente per la rappresentazione nel Teatro Nacional de D. Maria, a Lisbona, e nel Teatro di S. João a Porto, pièces di Corneille, Molière, Shakespeare e il “Cyrano de Bergerac”, fra le altre.
Era uno dei poeti portoghesi più riconosciuti, a livello internazionale, a cavallo fra la fine del XX secolo e l'inizio del XXI secolo, ma continuava anche a scrivere sulla poesia, poiché, come disse una volta questo lavoro mi aiuta a capirne il motivo per cui una poesia ci fa entrare nel suo mondo e ci permette di scoprire una realtà che non immaginavamo potesse esistere fino al termine della lettura. Ciò che lo studio sulla poesia permette di approfondire, è la funzione alchemica del linguaggio poetico, capace di trasformare in oro quelle che quotidianamente vengono definite "le cose più semplici”.
Ha pubblicato circa 33 libri di poesia, 13 di narrativa, 10 di saggistica e 5 di teatro, il primo dei quali è stato “A noção de poema” (La nozione di poesia), nel 1972. La sua poesia è stata integralmente raccolta due volte, nel 1991 dalla casa editrice Quetzal e nel 2001 dalla Dom Quixote. Ha ricevuto riconoscimenti in Portogallo e all’estero. Tra gli altri ricordiamo il XXII Premio Reina Sofia de Poesia Iberoamericana, nel 2013, per l’insieme della sua opera. In Messico ha ricevuto nel 2014 il Premio Poetas do Mundo Latino e nel 2017 il Premio Juan Crisóstomo Doria às Humanidades, attribuito dall’Università Autonoma di Hidalgo. Nel 2016 gli venne attribuito in Italia il Premio Internazionale di Poesia Europa in Versi / Premio Carriera; nel 2017 il Premio Camaiore; nel 2022 il Premio Claudio Betocchi. La sua opera è stata tradotta in numerose lingue, tra cui l’italiano. Tra le opere tradotte ricordiamo “La poesia corrompe le dita”, 1991; “La cospirazione Cellamare”, 2020; “Ritorno allo scenario campestre”, 2021; “La casa della poesia”, 2023.
I N N O di Nuno Júdice
Riconosco la voce errante e distante, il soffio
sommerso nella voluttà dell’ombra, il castano chiaro
dei capelli sterili in un ritratto di epilogo.
Riconosco la fredda cifra dell’acqua, la notte perduta
in un fiato d’angeli, nel grido di fonte dell’oca.
Questa notte sospesa di un deliquio di nebulose,
immobilizzata dal tremito dei preludi, frettolosa
amante nella discesa degli abissi, avanzò, breve marea,
sommergendo l’oscura nudità delle stelle nel
finito oriente dello sguardo.
Riconosco la rupe del desiderio d’eternità assopito, un fluttuare
di precipitazioni nel ritmo delle palpebre,
nel silenzio, vago magnete dell’impazienza. Mormorio
di genesi nel posarsi delle dita, orlo dei confini
nell’abdicazione del gesto. Magico cerchio divino.
© SARAPEGBE. 2024
E’ vietata la riproduzione, anche parziale, dei testi pubblicati nella rivista senza l’esplicita autorizzazione della Direzione -------------------------------------------------------------------------------
TEXTO EM PORTUGUÊS (Testo in italiano)Homenagem a um grande intelectual português: Nuno Júdice
Por
Antonella Rita Roscilli
NovitàSarapegbe, 18 marzo 2024
Poesia é filosofia, a palavra acaba tocando nos grandes temas, nas grandes questões da vida. Por outro lado, a poesia não pode fazer outra coisa senão isso. Até porque a ciência não explica tudo. E só a poesia pode investigar esse “mistério”. Pensemos na beleza, por exemplo.... Foi o que disse Nuno Júdice durante uma entrevista em Itália. Fundador da Casa Pessoa, assessor do Instituto Camões em Paris, diretor de revistas literárias, sobretudo poeta, ensaísta e romancista, Júdice deixou-nos ontem, 17 de março de 2024.
Nasceu em 29 de abril de 1949 na Mexilhoeira Grande, pequena localidade rural no Algarve. Genovês por parte de pai, licenciou-se em Filologia Românica na Universidade Clássica de Lisboa. Em 1989 concluiu o doutoramento com uma tese sobre literatura medieval na Universidade Nova de Lisboa. Professor de Literatura Comparada na mesma universidade de 1976 a 2015, foi colaborador das revistas O tempo e o modo e Jornal de letras e, desde 1996, foi diretor da revista literária Tabacarias (editada pela Casa Fernando Pessoa) e da Colóquio -Letras (publicada pela Fundação Calouste Gulbenkian).
De 1997 a 2004 desempenhou funções de adido cultural na Embaixada de Portugal em Paris. Foi o principal expoente da poética do “retorno à realidade” iniciada na década de 1970 em Portugal. Também é importante a sua atividade como ensaísta e crítico literário. Trabalhou regularmente como tradutor de poesia, incluindo uma antologia de 100 anos de poesia colombiana, antologias de Alvaro Mutis, Pablo Neruda, Emily Dickinson e diversas peças. Júdice traduziu, diretamente para representação no Teatro Nacional de D. Maria, em Lisboa, e no Teatro de S. João, no Porto, peças de Corneille, Molière, Shakespeare e “Cyrano de Bergerac”, entre outros.
Foi um dos poetas portugueses mais reconhecidos internacionalmente na virada do século XX e início do século XXI, mas também continuou a escrever sobre poesia, porque, como disse uma vez, isso me ajuda a compreender o motivo pelo qual um poema nos permite entrar no seu mundo, e nos permite descobrir uma realidade que não imaginávamos que pudesse existir até o final da leitura. O que o estudo da poesia nos permite aprofundar, é a função alquímica da linguagem poética, capaz de transformar em ouro o que cotidianamente se define como "as coisas mais simples ”.
Publicou cerca de 33 livros de poesia, 13 de ficção, 10 de não ficção e 5 de teatro, sendo o primeiro deles “A noção de poema”, em 1972. A sua poesia foi recolhida na íntegra duas vezes, em 1991 pela editora Quetzal e em 2001 por Dom Quixote. Tem recebido reconhecimentos em Portugal e no estrangeiro. Entre outros destacamos o XXII Prémio Reina Sofia de Poesia Ibero-Americana, em 2013, pela obra-omnia. No México recebeu o Prêmio Poetas do Mundo Latino em 2014 e o Prêmio Juan Crisóstomo Doria às Humanidades em 2017, concedido pela Universidade Autônoma de Hidalgo. Na Itália em 2016 foi galardoado com o Prémio Internacional de Poesia Europa in Versi/Prémio Carreira; em 2017 o Prêmio Camaiore; em 2022 o Prêmio Cláudio Betocchi. Sua obra foi traduzida para vários idiomas, incluindo o italiano. Entre as traduzidas para italiano lembramos “La poesia corrompe le dita”, 1991; “La cospirazione Cellamare”, 2020; “Ritorno allo scenario campestre”, 2021; “La casa della poesia”, 2023.
H I N O por Nuno Júdice
Reconheço a voz errante e longínqua, o sopro
mergulhado na volúpia da sombra, o castanho claro
dos cabelos estéreis num retrato de epílogo.
Reconheço o frio número da água, a noite perdida
num hálito de anjos, no fontanário grito do ganso.
Essa noite suspensa de um desmaio de nebulosas,
imobilizada pelo tremor dos prelúdios, apressada
amante na descida do abismo, avançou, breve maré,
submergindo a obscura nudez das estrelas no
finito oriente do olhar. Reconheço a falésia
do dormente desejo de eternidade, um flutuar
de precipitações no ritmo das pálpebras,
no silencio, vago íman da impaciência. Murmúrio
de génesis num pousar de dedos, rebordo de limites
na abdicação do gesto. Mágico círculo divino.
Traduzione in portoghese di A.R.R.
© SARAPEGBE. 2024
E’ vietata la riproduzione, anche parziale, dei testi pubblicati nella rivista senza l’esplicita autorizzazione della Direzione